D.H. Perturbação Dismórfica Corporal

Hoje vamos falar da Perturbação Dismórfica Corporal.

O que é?

A Perturbação Dismórfica Corporal, também designada por Dismorfofobia, é uma perturbação da imagem corporal e a sua perceção. Consiste na preocupação constante e exagerada sobre algum tipo de defeito, mínimo ou inexistente, na aparência física. Típicamente apresentam comportamentos de carácter compulsivo, sendo importante notar que o comportamento de autocrítica está frequentemente ausente, pois uma percentagem elevada de indivíduos apresenta uma ideação delirante sobre o seu “tipo de defeito” acreditando que possuem uma deformidade grave.

Está frequentemente tem o seu desenvolvimento no início da adolescência, no entanto devido aos sentimentos de vergonha experienciados face ao “defeito” nestes indivíduos, o diagnóstico só é realizado na idade adulta.

Tal como em várias patologias, não existe uma causa definida para o seu aparecimento. As teorias cognitivo comportamentais procuram explicar os possíveis mecanismos envolvidos numa determinada patologia, e eventualmente, o porquê da manutenção de certos comportamentos e crenças, mas frequentemente não são capazes de explicar o como e o porquê do seu aparecimento. No que diz respeito à perturbação, existe uma teoria importante onde considera-se que experiências precoces provoquem no indivíduo um reforço positivo em relação à aparência física poderão desempenhar um papel importante no seu desenvolvimento. No entanto, estas experiências não têm que ser necessariamente positivas, estudos demonstram uma maior incidência de maus-tratos emocionais e sexuais referidos por estes indivíduos, bem como ser  ridicularizado pelos colegas, sobretudo durante a infância e adolescência. 

É teorizado que o desenvolvimento dos sintomas se processa através do condicionamento avaliativo, pelo qual o indivíduo é condicionado a gostar, ou pelo contrário, sentir aversão a determinados estímulos.

Sintomas

Esta perturbação é classificada como somatoforme, inclui-o num conjunto mais amplo, designando-o como um distúrbio hipocondríaco, sendo alguns critérios para o seu diagnóstico descritos como:

  • A existência de uma preocupação persistente com defeitos/deformidades na aparência, podendo ser imaginário ou real; quando presente (defeito ligeiro) desencadeia no indivíduo uma preocupação excessiva;
  • Recusa persistente em aceitar conselhos e reafirmações de pessoal médico, sobre o defeito ou deformidade não existente.

Estas preocupações trazem um sofrimento, clinicamente significativo, podendo causar angústia ou uma incapacidade a nível emocional, social, profissional e/ou em outras áreas relevantes na vida do indivíduo.

Intervenção 

É uma perturbação passível de tratamento, sendo que estudos indicam que este responde favoravelmente à farmacologia e à Terapia Cognitivo Comportamental.

Em relação à Farmacologia, atualmente, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina são considerados como “primeira escolha” para tratamento. Estes pertencem à categoria dos antidepressivos, sendo capazes de diminuir os pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos, podendo também ter um efeito benéfico sobre a impulsividade e a ansiedade.

Já a Terapia Cognitivo Comportamental, inicia-se com psicoeducação sobre a perturbação, seguida de intervenções cognitivas e comportamentais — a vertente cognitiva tem o seu foco na identificação das crenças mal-adaptativas, procurando avaliar a veracidade das crenças e ajudar a desenvolver crenças mais realistas; a vertente comportamental centra-se na exposição e prevenção de resposta, um processo gradual em o indivíduo é exposto a situações causadoras de ansiedade, ao mesmo tempo que se procura evitar que este proceda a comportamentos ritualísticos ou evitantes, com o objetivo de diminuir a sua ansiedade.

Referências bibliográficas

  • Veríssimo, F., Andrade, P., Correia, L., & Rocha, I. (2012). Perturbação Dismórfica Corporal – Um Desafio em Dermatologia. Journal of the Portuguese Society of Dermatology and Venereology, 70(1), 35-35.
  • Manual MSD

Elaborado pelo gabinete de estágio