T.I. Técnicas e Estratégias recomendadas na P. E. Autismo – 0 aos 12 anos

A Perturbação do Espectro do Autismo (P.E.A.) manifesta-se de forma diversa em cada criança, sendo essencial uma abordagem individualizada e adaptada às suas necessidades específicas. Durante a infância, dos 0 aos 12 anos, é crucial promover o desenvolvimento nas áreas da comunicação, socialização, comportamento e aprendizagem. Neste artigo, apresentam-se sugestões e recomendações que podem ser ajustadas ao contexto de cada criança, utilizando uma linguagem orientativa e encorajadora.

Comunicação – Será importante que as estratégias de intervenção foquem a promoção da comunicação verbal e não verbal. Recomenda-se:

  • Uso de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA): Poderá ser benéfico utilizar sistemas de imagens, gestos ou dispositivos eletrónicos para apoiar a comunicação, especialmente em crianças com dificuldades na linguagem verbal.
  • Interações Significativas: Seria relevante proporcionar interações significativas em contextos naturais, como jogos e atividades lúdicas, para incentivar a comunicação espontânea.
  • Modelagem e Repetição: Necessita de consistência na modelagem de palavras e frases simples, repetindo-as em diferentes contextos para facilitar a compreensão e o uso funcional da linguagem.

Socialização – Para apoiar o desenvolvimento de competências sociais, seria importante que as intervenções incluíssem:

  • Ensino de Competências Sociais: Utilizar histórias sociais ou dramatizações pode ajudar a criança a compreender normas sociais e a desenvolver empatia.
  • Sessões de Interação Guiada: Seria relevante criar oportunidades para interações sociais em ambientes estruturados, como grupos de brincadeiras orientadas.
  • Treino de Competências Sociais: Necessita de suporte na aprendizagem de competências como partilhar, esperar a sua vez e iniciar conversas, utilizando reforços positivos para motivação. Seria também, importante treinar o contacto ocular, de forma a conseguir identificar e diferenciar as emoções e posturas faciais de terceiros. Paralelamente, poderemos também treinar a gestão do seu espaço pessoal (a sua bolha) na relação com os pares e adultos, de forma a permitir que a criança respeite o espaço do outro ao mesmo tempo que interage com ele.

Comportamento – Para lidar com comportamentos desafiantes e promover comportamentos adaptativos, recomenda-se:

  • Análise Funcional do Comportamento: Seria importante identificar as funções dos comportamentos para adaptar as intervenções às necessidades específicas da criança.
  • Estratégias de Autorregulação: Ensinar técnicas de autorregulação emocional, como exercícios de respiração ou o uso de cantos sensoriais, pode ajudar a criança a lidar com a frustração.
  • Reforço Positivo: Necessita de reforços positivos consistentes para encorajar comportamentos adequados e reduzir comportamentos desafiantes.

Aprendizagem – Para promover o desenvolvimento cognitivo e académico, seria relevante que as estratégias incluíssem:

  • Aprendizagem Estruturada: Utilizar métodos como o TEACCH, que organiza o espaço e as tarefas de forma previsível, pode aumentar a concentração e o envolvimento.
  • Ensino Orientado: Necessita de abordagens que valorizem o ensino de competências práticas e funcionais, adaptando o currículo às necessidades diárias da criança.
  • Suporte Visual e Multissensorial: Seria importante utilizar apoios visuais e abordagens multissensoriais para facilitar a compreensão e a retenção de informações.

A intervenção no P.E.A., ao longo dos primeiros 12 anos, requer um olhar atento às necessidades individuais de cada criança, promovendo o desenvolvimento nas áreas de comunicação, socialização, comportamento e aprendizagem.

Seria importante que as abordagens fossem flexíveis e adaptáveis, permitindo ajustes contínuos conforme a criança evolui. Acima de tudo, é fundamental envolver a família e os educadores no processo, criando um ambiente de suporte e compreensão. Assim, possibilita-se à criança um desenvolvimento harmonioso e pleno das suas potencialidades.

Boa reflexão