Está o lascivo e doce passarinho
Com o biquinho as penas ordenando;
O verso sem medida, alegre e brando,
Despedindo no rustico raminho.
O cruel caçador, que do caminho
Se vem calado e manso desviando,
Com prompa vista a seta endireitando,
Lhe dá no Estygio Lago eterno ninho.
Desta arte o coração, que livre andava,
(Postoque ja de longe destinado)
Onde menos temia, foi ferido.
Porque o frecheiro cego me esperava,
Para que me tomasse descuidado,
Em vossos claros olhos escondido.
Camões