T.I. Como encurtar a distância

Hoje partilhamos uma reflexão essencial para o trabalho com os pais, avós e crianças que precisam de estar a distância, devido ao Covid19.

Nos dias que correm, nem todos os adultos podem usufruir da companhia das crianças, como nem todas as crianças podem conviver alegremente com todos os adultos de referência da sua vida, sejam avós, pais, tios, professores ou mesmo outros que são essenciais para o seu crescimento.

E nesse momento entram todas as aplicações que permitem comunicar e ao mesmo tempo visualizar o outro e o que o rodeia. Até aqui tudo poderia ser ultrapassado e seria mesmo fácil de gerir, contudo algumas crianças não interagem adequadamente com um telemóvel, tablet ou computador, como recusam este tipo de comunicação com o adulto.imagens

Nestes momentos, é importante alguns pontos:

  • Doses extras de paciência;
  • Respiração profunda e lenta de forma gerir emocionalmente a situação;
  • Criatividade e imaginação;

 

 

Passamos agora a explicar!

Paciência, porque é importante introduzir a criança às novas tecnologias. Apesar de muitas crianças verem desenhos animados no tablet ou no telefone, nem sempre conseguem realizar uma telechamada com relativa facilidade, uma vez que estas apresentam algumas dificuldades e limitações.

Limitações em crianças pequenas – 0 aos 6 anos

  • A sua capacidade de identificar e discriminar a profundidade numa imagem, encontra-se em aquisição nos primeiros 0-4 anos de idade, por esse motivo é importante a estimulação ao nível da psicomotricidade nestes anos.
  • A sua capacidade de discriminação do som ainda está em desenvolvimento, sendo difícil compreender de onde vêm o som da voz de quem liga.
  • Dificuldade em assimilar como é possível aquela pessoa estar no ecrã e não na divisão onde a criança está!

Dificuldades

  • Ligação à internet estável e com qualidade de ambos os lados, que permita a reprodução da imagem como do som.
    • Podendo existir ecos, omissões de partes do som, originando dificuldades em se manter uma conversação adequada.
  • Alguns adultos apresentam alguma dificuldade em criar uma distância entre o ecrã do telemóvel/tablet e a sua cara, originando alguma dificuldade em se compreender o que se vê no ecrã do receptor. Em muitos casos é somente uma figura desproporcional de um ponto da cara do emissor.
  • Estar num local em silêncio que permita tanto a criança como o adulto a manter algum tipo de comunicação;
  • Ambos os locais estarem bem iluminados, uma vez que ajuda a correcta discriminação da expressão facial de cada um.
  • Os aparelhos estarem devidamente carregados para conseguirem suportar este tipo de comunicação.

 

Respiração profunda e lenta é importante para ajudar a gerir a saudade que este tipo de comunicação provoca em cada um de nós.

Não é fácil para os pais ou avós estarem a comunicar com as suas crianças pela distância de um ecrã, e manterem-se serenos sem demonstrar uma verdadeira saudade, pelo derrame de algumas lágrimas. Contudo é importante que possam gerir as suas emoções e canalizar para um momento diferente e divertido tanto para o adulto como para a criança.

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Criatividade e imaginação

É o factor mais importante neste artigo, quando se está a distância do ecrã de uma telechamada!

O momento que os pais, avós, outros familiares partilham nestas comunicações é fundamental ser aproveitado para se fazer uma actividade com a criança, que permita ambos rirem e manterem os laços, mesmo ameaçados pela distância.

Nestes momentos entram todo o conjunto de actividades que passamos a enunciar:

  • Ler uma história com as falas das personagens;
    • Podem aprender com a Aqui há gato!, uma vez que usa a voz como um veículo de animação da leitura;
  • Fazer um desenho livre como pintar uma mandala ou outro motivo que seja interessante para a criança;
    • É importante que possa ser feito no próprio momento, por esse motivo escolher um desenho que possa ser fácil de fazer ou pintar.
  • Construir uma história e fazer um livro;
    • dando espaço para a criança escolher as personagens e ditar história;
    • podemos sugerir que possa desenhar algumas imagens importantes;
  • Jogar ao peixinho;
    • Coloca o telemóvel/tablet em cima de uma mesa e virado para as cartas;
    • Um de vocês têm o baralho e dá as cartas para um e para o outro;
    • Quem tiver as cartas pede e quando chega a vez do jogador do ecrã, o outro mostra as cartas que estão viradas para baixo na mesa, e este faz o pedido.
  • Jogo de memória;
    • Coloca o telemóvel/tablet em cima de uma mesa e virado para os cartões;
    • Um de vocês distribui os cartões pela mesa;
    • Dão números às posições;
    • E cada um de vocês vira um par de cartões, quem está do outro lado escolhe os números;
  • Leitura da criança para nós;
    • Quando a criança já sabe ler, pode nos ler uma história pequena, e com calma reflectirem sobre o tema que a história fala.
  • Teatro de marionetas ou fantoches;
    • Podemos representar ou podemos simplesmente ver a criança a brincar com um determinado boneco e interagirmos com os bonecos como se estivéssemos a tomar um chá.
  • Corrida de carrinhos
    • Podemos brincar e apostar com a criança qual é o carrinho que vai ganhar a corrida, e podemos para os mais extrovertidos fazer um relato de um rali.

 

Existem muitos mais formas de brincarmos com as crianças quando estamos à distância de um ecrã, permitindo encurtar a distância que este Covid19 nos obriga a estar.

Por esse motivo é importante que uma telechamada possa ser um encontro que se desenrola numa brincadeira, fortalecendo os laços de ambos os lados.

 

Boas práticas!