O nosso corpo organiza-se em ritmos biológicos, que por sua vez se organizam em rotinas que influenciam o nosso comportamento com os outros, com o mundo e connosco próprios.
Sabemos que o nosso corpo apresenta um conjunto de ritmos biológicos que se articulam entre si, como:
- Temperatura do corpo;
- Tensão arterial;
- Ondas cerebrais;
- Níveis de energia;
- Capacidade de atenção e foco;
- Produção hormonal;
- Batimento cardíaco;
- Ciclo menstrual;
Entre tantos outros essenciais para um equilíbrio no corpo e na mente.
A par de tudo isto que acontece dentro do nosso corpo, somos influenciados pelo mundo exterior e os seus ciclos. O sol influência o nosso ritmo interno pela sua movimentação no céu, ou seja, organizamos toda a nossa actividade com base no dia e na noite, na presença e ausência do sol. A isto chamamos o ciclo circadiano.
Tendencialmente durante o dia, estamos mais activos e a nossa energia diminui gradualmente com o desenrolar do dia. E à noite pouco depois do jantar, o nosso corpo inicia a preparação para uma boa noite de sono.
O nosso sono é acompanhado por variações de temperatura regulares, verificando-se que durante a noite, o nosso corpo reduz à uma temperatura mínima, de forma a permitir um sono reparador.
Gradualmente o corpo vai aumentando a sua temperatura chegando ao seu auge no período matutino, ou seja, se uma pessoa atinge o seu:
- mínimo entre 4h e as 6 horas da manhã, pelas 7 horas a sua temperatura estará a subir e pelo meio da manhã estará cheio de energia.
- mínimo entre 2h e as 4 horas da manhã, pelas 5 horas a sua temperatura estará a subir e pelas 10h estará cheio de energia.
- mínimo entre 6h e 8 horas da manhã, pelas 9 horas a sua temperatura estará a subir e depois da hora de almoço estará cheio de energia.
O que significa que cada um de nós, tem um ciclo diferente que influência significativamente a nossa capacidade de trabalho como também a forma de nos relacionarmos com o mundo.
A importância de conhecer o nosso corpo é fundamental nos dias que passam!
Apresentamos neste artigo a experiência realizada em 1989, por uma equipa de investigadores italiana referente aos efeitos do isolamento nos ritmos biológicos.
Em 1989, uma decoradora de 27 anos, de seu nome Stefania Follini entrou numa experiência que consistia em viver durante quatro meses isolada do mundo, numa gruta adaptada para o efeito (imagem). A única forma de comunicar como o exterior era o registo dos seus sinais vitais como os resultados de testes físicos e mentais num computador.
A caverna manteve uma temperatura regular de 21º C e esteve acompanhada por dois ratinhos durante este período. Deixou de ter referências da organização do dia, acabando por alterar:
- o seu ciclo sono-vigília – passando cerca de 20 a 25 horas acordada e dormindo 10 horas.
- o seu esquema de refeições – diminui o número de refeições, perdendo cerca de 8,5kg.
- deixou de ter ciclos menstruais;
Para gerir os dias, aprendeu inglês por gravador, leu livros, jogou cartas contudo acabou por gradualmente sentir-se deprimida.
Quando saiu, partilhou a ideia de que teria passado dois meses, quando na prática tinha estado 130 dias, ou seja quatro meses seguidos dentro de uma sala numa caverna.
Esta experiência a par com outras, permitiu conhecer a relevância do ciclo circadiano na organização dos nossos ritmos biológicos e no nosso humor. A importância de conhecermos os nossos ciclos permite-nos respeitar o nosso corpo e saber identificar alguns sinais de alerta.
E por isso é importante respeitar o ciclo de sono como as rotinas que estabelecemos no dia-a-dia, uma vez que muitas delas respeitam a organização do nosso ciclo biológico.