Editorial – As saudades

Hoje faz um mês que a equipa se reunia pela a última vez, após a comunicação do primeiro ministro!

Em equipa contactamos todos os nossos utentes e fizemos a transição para Teleterapia, dentro de todos os parâmetros, respeitando a confidencialidade e a transformação dos processos que os nossos utentes tinham conseguido até então.

Durante todo este processo, mantivemos as reuniões semanais com a partilha de momentos de reflexão de partilha, de brincadeira, os sorrisos, as quebras por estarmos a tanto tempo isoladas de toda a nossa rotina!

O mundo foi parando, o país abrandou até se ouvir o silêncio nas ruas de várias vilas e cidades de Portugal!

E a rotina de uma técnica de saúde, mudou-se entre as reuniões com parceiros e os atendimentos com os utentes, a vida transformou-se mais uma vez.

A rotina numa vida que se pauta por ajustes a cada 6 meses, com prolongar ou encurtar do dia conforme as necessidades de agenda. E calmamente fomos reorganizando o horário e ajustando a vida a novas exigências, aprendemos novas aplicações, e reinventamos o dia de trabalho.

E no entanto as saudades aumentaram, de estarmos com os nossos utentes, de vermos a potencialidade de uma intervenção, de os vermos a voarem para fora dos seus ninhos com a confiança e segurança.

Sentimos saudades das reuniões de sexta-feira, dos risos e das partidas que fazíamos com a língua portuguesa, as saudades das partilhas e reflexões entre horas destinadas ao encontro de profissionais.

A vida acontece à distância, o mundo transforma-se para entrar numa descida vertiginosa e o trabalho de toda uma existência prepara-nos para o embate!

E sabemos por tradição latituniense, os embates fazem parte da nossa história, que vamos conseguir dar a volta, como sempre fizemos.

Até lá sentimos saudades do calor humano das nossas intervenções!