Maslow estaria longe de imaginar que em meados do século seguinte o mundo estaria confinado à quatro paredes (para quem tem sorte de ter uma casa), a gerir as suas necessidades.
Nasceu em Brooklyn no 1º de Abril do ano de 1908, antes das Guerras Mundiais! Para fugir a uma infância de miséria, refugiu-se nos livros das bibliotecas.
Todo o percurso de vida de uma pessoa, orienta em muitas as escolhas que faz, e tal como qualquer jovem que sente dúvidas no caminho que escolhe, Maslow acabou por trocar a advocacia pela psicologia.
A sua pesquisa, observação e reflexão sobre a humanidade e os seus comportamentos, permitiu reunir elementos que o ajudaram a estruturar o seu pensamento sobre uma hierarquia de necessidades humanas.
A teoria das necessidades baseia-se 5 patamares:
- Fisiológicos
- sono, repouso, sexo, alimentação, homeostase, excreção e respiração, saúde;
- Segurança
- física, estabilidade, liberdade;
- Social
- pertencer à uma família, ter um grupo de amigos, pertencer à uma comunidade, ter um relacionamento seguro;
- Estima
- auto-estima, respeito pelos outros e dos outros, reconhecimento da família, amigos e comunidade
- Auto-Realização
- desenvolvimento pessoal, espontaneidade, criatividade;
Quando ouvimos falar da pirâmide das necessidades, facilmente identificamos os primeiros dois patamares – Fisiológico e Segurança.
Não podemos dar um passo se estamos com sono ou se eventualmente não comemos nesse dia. Como também só nos sentimos seguros, quando sentimos que podemos caminhar calmamente na rua sem estarmos a olhar para o lado a espera de ser atacados por um animal selvagem, como acontecia nos primórdios da humanidade.
Podemos olhar para o mundo de várias formas, podemos acreditar que entre povos existem muitas diferenças culturais que afastam, contudo a par com outras teorias e estudos (como o estudo das emoções), a teoria das necessidades aproxima-nos com relativa facilidade.
Em cada comunidade há necessidades que são saciadas regularmente, por via do contacto social e pela estima, sendo a nossa auto-estima ou a estima dos que nos rodeiam. Sabemos que nestes patamares dependemos dos outros, uma vez que somos animais sociais.
Estar escrito no nosso DNA humano, a necessidade do contacto com o outro, do toque, do olhar real, coloca-nos um verdadeiro desafio quando somos privados dessa possibilidade, obrigando-nos a caminhar por um deserto figurativo ou real, só no prazer da nossa companhia.
E só chegamos ao último patamar, quando trabalhamos no nosso desenvolvimento pessoal, quando nos conseguimos reconhecer todos os nossos comportamentos nos diferentes patamares das nossas necessidades.
Maslow compreendeu que nem todos nós acabamos por saciar os diferentes patamares das necessidades, por isso o desenho da pirâmide ajuda a compreender que somente alguns acabam por fazer essa escalada até ao auto-conhecimento.
Poderíamos elaborar um ensaio sobre a relação da teoria das necessidades com a hierarquia social e a falta de oportunidades que muitos humanos têm, para conseguir saciar as suas necessidades para além da segurança.
Como podemos estar tranquilos, quando não temos a segurança de termos uma dispensa com o essencial para viver? E quando sabemos como saímos, mas não sabemos como chegamos à casa?
Este isolamento colocou-nos várias questões sobre a segurança, a liberdade, o auto-cuidado, a saúde, a fragilidade, sobre nós e outros. E mesmo sabendo que todos precisamos de saciar as nossas necessidades, sabemos também que o acesso às mesmas, não é igual nem equitativo.
E isso faz toda a diferença na resposta que daremos à nossa vida!