Hoje iniciámos a sexta semana confinados às quatro paredes das nossas habitações. O teletrabalho está em andamento para alguns e a teleescola funciona para as crianças. Outros tantos nem uma nem outra ocupação, somente um dia inteiro para ponderar o presente e o futuro, entre as preocupações de assegurar o sustento individual e familiar.
O cansaço é evidente na cara de muitos que encontramos nas diferentes casas, seja porque está em duas actividades paralelas (dar assistência às crianças e trabalhar ao mesmo tempo) ou porque está na linha da frente a dar apoio ininterrupto.
As preocupações aumentam na possibilidade de se perder um trabalho, o ganha pão das famílias e tudo o que se conquistou nos últimos anos. Saímos da crise a poucos anos e voltamos para ela lentamente.
A tudo isto se soma as notícias que chegam de uma assembleia da república que quer celebrar a liberdade! E as preocupações de um pais que está em esforço, antes de tanga agora em esforço, pela privação de todos os direitos em nome da saúde nacional!
E as perguntas sucedem-se…
Como podemos celebrar a liberdade quando estamos confinados a quatro paredes para garantir a saúde e diminuir o impacto de uma doença (que nos invade lentamente) no sistema nacional de saúde?
Como podemos pedir a 11 milhões de pessoas que fiquem em casa, quando nem mais que uma centena vai sair para celebrar um tipo de liberdade?
Liberdade essa que foi defendida no intuito de garantir a igualdade de acessos aos direitos fundamentais da republica – paz, pão, habitação, saúde e educação.
E vêm a memória aquela música de Liberdade do Sérgio Godinho
Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão, habitação, saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir, quando pertencer ao povo o que o povo produzir…
Afinal não foi por isso que se fez o 25 de Abril?