Como seria a nossa vida se todos tivessem um motivo para nos bater e não para nos amar?
Conseguiríamos criar uma realidade alternativa para fugir ao mau trato infligido por quem nos deveria proteger?
Sinopse do Filme
Zezé tem seis anos e é o segundo irmão mais novo de uma família de 5 irmãos. Vive com os pais pobres e os seus irmãos.
O seu pai perdeu o emprego e a sua mãe precisou de ir trabalhar durante a semana para a cidade grande, o Rio de Janeiro.
Durante a semana ele ficava ao cuidado do pai e da irmã adolescente, que nem sempre revelavam paciência e disponibilidade para ele.
Ele tomava conta do irmão mais novo, alimentando a sua curiosidade e imaginação com histórias e brincadeiras do faz de conta de outros mundos.
A sua imaginação só era abalada pelo seu lado mais endiabrado que lhe causava muitas chatices, afinal de contas ouvia de toda a família que ele era um diabo e precisava de uns correctivos. Até que conhece o portuga! E tudo muda!
Reflexões do Filme
É um filme baseado no livro O meu pé de laranja lima de José Vasconcelos.
É um soco no estômago, que nos leva a ver o filme acompanhados pela tristeza de vermos uma criança aprender que não é amada e nem respeitada, somente um estorvo numa família de sete.
Aborda os maus tratos, a negligência, o alcoolismo, a depressão, a pobreza, o choque, o luto, a imaginação, a amizade entre crianças e adultos, a resiliência com uma leveza dos olhos de uma criança.
Existem momentos intensos e poderosos que nos questionam sobre o desespero humano, sobre a pobreza seja de espírito ou económica.
É o filme a apresentar-se a uma turma de crianças e adolescentes e levar uma caixa de lenços!
Recomendações
Intervenção individual
Num acompanhamento terapêutico podemos apresentar o filme como sugestão de trabalho de casa.
É um filme forte emocionalmente, uma vez que provoca a empatia com a vida do Zezé, e nos ajuda a abrir espaço para falarmos sobre questões como:
- Negligência e mau trato;
- Inveja e desconsideração;
- Amizade e luto pela perda de quem nos ama e valoriza;
- O poder da imaginação como ferramenta da resiliência diária;
- O poder da transformação pela ternura partilhada.
É um filme adaptado de um livro, que apresenta similaridades entre relação do Zézé com o portuga e o acompanhamento em sessão. E é importante falarmos dele após a visualização, porque é uma história que precisa de espaço para manifestar tudo o que vai dentro da mente de quem está a nossa frente.
Intervenção em Grupo
É o filme que precisamos de levar a caixa dos lenços para a sala de visualização.
Ninguém fica indiferente às posturas de todas as personagens, sentindo-se muito próximo ao Zezé e ao seu irmão mais novo.
Alguns acabaram por partilhar as semelhanças das suas experiências de vida, sendo relevante dar o colo necessário. Afinal de contas falamos de privações muito graves tanto ao nível do afecto como de estrutura familiar e social.
Quando abordamos estes filmes com as crianças, adolescentes e jovens, partilhamos com eles a ideia de que por mais negro seja o nosso dia-a-dia, podemos ousar ser diferente e desejar um futuro mais sorridente.
E trabalhar com o grupo, que tudo passa por uma escolha… tal como o Zezé fez!
Boa visualização!