Emociona-Te! com Judy

O que existe para além do arco-íris?

Será que todos nós, num dado momento da vida podemos encontrar o arco-íris e sermos felizes?

E saberemos perceber se isso é o nosso arco-íris?

Sinopse

A lendária artista Judy Garland chega a Londres no inverno de 1968 para realizar uma série de concertos esgotados.

O filme segue a carreira de Garland durante o último ano de sua vida, quando ela mudou sua carreira no palco para a Grã-Bretanha, juntamente com flashbacks de sua adolescência, com destaque para a filmagem de seu papel como Dorothy Gale em O Mágico de Oz, o papel mais icônico de Garland.

Depois de algum sucesso inicial em uma série de shows esgotados no Talk of the Town em Londres, seus esforços eventualmente param de fazer progresso e até começam a piorar conforme sua saúde se deteriora.

Reflexão

É um filme que apresenta uma versão dos factos vividos por Judy Garland, contudo permite a reflexão sobre o elevado sofrimento que esta mulher viveu desde o momento em que fez o filme o Feiticeiro de OZ.

Entre a relação disfuncional dos pais e o investimento da mãe na carreira cinematográfica das filhas, a filha mais nova, Judy acabou por conseguir o contrato com a Metro-Goldwyn-Mayer. Contudo apesar do esforço compensado, acabou por se tornar um pesadelo, uma vez que os padrões de beleza da época colocavam Judy Garland no registo de diferente.

E ser diferente num mundo competitivo, era sinal de instabilidade, compensação, oposição, sacrifício, dedicação, intolerância, exploração… tentar de alguma maneira encontrar o arco-íris no fim da estrada.

E Judy Garland viveu tudo isso, sem existir um colo e uma proteção da sua infância e adolescência, face à exploração laboral e a dependência de medicação e álcool em que ela acabou por cair.

É um filme que podemos recomendar para os estudantes da área da saúde mental verem como também podemos refletir com alguns utentes, uma vez que implica despertar a empatia em cada um de nós, pelo abuso que Judy sofreu ao longo da vida e as consequências da exploração das suas fragilidades em prol de um trabalho.

Esta longa metragem facilita a compreensão sobre a construção de uma perturbação mental, ao longo de uma existência, e dos comportamentos de compensação para lidar com a sensação permanente de vazio que se foi instalando.

Durante a visualização, surgem os comportamentos de abuso e desrespeito que foram ocorrendo, sem haver muitas vezes uma verdadeira compreensão sobre as dificuldades que iam surgindo, tanto num contexto pessoal como por terceiros.

Ajuda a meditar sobre o impacto que uma perturbação mental acaba por ter na família e nas crianças que estão por perto.

No trabalho individual com o utente, o filme torna-se numa ferramenta para ecoar os comportamentos de terceiros que tocam a exploração, o aproveitamento, a desilusão, o desrespeito, a falta de limites, o cansaço e o sono, os pesadelos recorrentes. A sensação permanente de invasão do outro na intimidade.

Facilitando a introdução dos limites e como ativa-los na sua rotina, de forma a se sentir respeitado e protegido na sua bolha. Paralelamente ajudar a diferenciar as emoções, com o intuito de desenvolver no utente uma capacidade de analise e perspicácia face ao comportamento do outro ou outros.

É um filme que necessita de ser ponderado antes de se recomendar a sua visualização, uma vez que nem todos os utentes terão capacidade de digerir o impacto que determinadas escolhas realizadas por terceiros acabam ter na rotina diária da nossa vida.

Uma boa visualização e reflexão.